
Outubro é um mês de conscientização, prevenção e, principalmente, de histórias que inspiram. E hoje, quero contar um pouco da minha — uma história de recomeços e amor pela vida.
Eu tinha apenas 14 anos quando recebi meu primeiro diagnóstico de câncer. Ainda era uma adolescente, e o tipo da doença era tão raro que só havia dois casos conhecidos no mundo. O tratamento disponível era experimental e precisou ser feito nos Estados Unidos, em Houston. Foram meses desafiadores, cheios de incertezas e medo. Mas, contra todos os prognósticos, eu venci.
Essa experiência precoce com a fragilidade da vida transformou completamente a forma como eu enxergo o mundo. Aprendi cedo o valor do cuidado, da empatia e da escuta — e foi isso que me levou, em 1999, a escolher a fisioterapia como profissão. Eu me especializei em neurologia e cheguei a coordenar uma clínica multidisciplinar com mais de 15 profissionais. Era o início de uma trajetória dedicada a ajudar pessoas a se reconstruírem.
Mas a vida ainda me reservava novos capítulos.
Na vida adulta, enfrentei o câncer novamente — duas vezes. Cada diagnóstico veio acompanhado de medos, limitações físicas e muitos desafios emocionais. Mas também trouxe aprendizados profundos sobre resiliência, fé e propósito.


Durante os tratamentos, ouvi dos médicos que minhas chances de ser mãe eram muito pequenas. E, mais uma vez, a vida me surpreendeu: engravidar foi um verdadeiro milagre. Viver a maternidade me trouxe uma alegria indescritível e, ao mesmo tempo, um novo desafio: o de compreender e acolher as singularidades da minha filha autista. Essa vivência ampliou ainda mais meu olhar para o ser humano, fortalecendo meu propósito de cuidar de forma integral do corpo, da mente e das emoções.
Hoje, como psicanalista e terapeuta, reúno tudo o que vivi e aprendi ao longo desses anos. Minha história como sobrevivente do câncer, minha formação em fisioterapia e minha experiência como mãe se encontram em uma prática que valoriza o ser humano em sua totalidade.
Cada desafio me ensinou a importância do amor, da escuta e da presença. O que me move todos os dias é saber que proporciono aos meus pacientes um espaço de acolhimento e transformação, para que eles possam (re)encontrar equilíbrio, paz e força interior.
Pequenos gestos que transformam
O Outubro Rosa é um lembrete de que o cuidado pode salvar vidas e de que pequenos gestos podem ter um grande impacto. No consultório, gosto de manter esse cuidado vivo também no dia a dia, seja nas conversas, nos momentos de escuta, ou em mimos e detalhes pensados com carinho para cada paciente.
